Tuesday, February 14, 2006

II

Lylia Cornelia


Eu não percebi bem a planta da casa. O quarto ficava logo à entrada e já colados arrastámo-nos até lá. Não me lembro se havia luzes acesas, acho que não, porque sei que apalpava partes de corpo para me orientar. Girei várias vezes sobre a cama. Ele era meticuloso no toque das mãos e da língua. Eu ofegava, gemia, depois imobilizava-o, trepava, lambia, montava, curvava-lhe o pénis até ele me endireitar, apertar, sacudir e gritar que se vinha. Não sei quantas vezes.


Ainda embrulhada no corpo dele, acordei com um queixume. Sei que te vais embora mas não vás, não me deixes. Silêncio, e o mesmo pedido. Fui rodando sobre mim. A claridade do dia iluminava o quarto, o quarto do casal, ele e outra mulher que não estava ali. Quando finalmente pude ver-lhe o rosto, descobri os mesmos olhos brilhantes da noite anterior mas um novo olhar, triste, desfeito. Pareceu-me que ambos sabíamos que não era comigo que falava. Mas ele beijou-me. Sussurrei-lhe que descansasse um pouco mais e ergui-me o suficiente para que adormecesse no meu colo.

Uma hora depois recolhi a minha roupa, vesti-me silenciosamente na casa de banho das escovas, cremes e batons dela, e saí para a rua fechando a porta lentamente.



- Emissão simultânea no Antes que me deite -

1 Comments:

Blogger amem-se said...

pois é, que história pungente; que pena que o sexo comece tantas vezes como excitação e adrenalina e acabe tantas vezes nesta nostalgia

12:30 PM  

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